A Viagem de Cristo ao Inferno


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Texto por
Severo Garcia
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Severo Garcia

Na terra profunda, Cristo, num gesto de derrame, cobriu a morte com vida. Desceu ao inferno como falecido, e retornou após três dias — o corpo nu, livre de marcas. Nesse caminho sombrio, incontáveis almas clamavam por misericórdia. Quem é capaz de perdoar sem se prender ao passado?

Vozes suplicantes ecoavam: histórias de homens e guerras, dores enterradas no tempo. Atravessar as águas subterrâneas é uma forma do amor de Cristo. A razão ali é simples, mas turva — como se o sentido fosse um reflexo distorcido. Após três noite, enquanto dormia, Jesus sonhou com uma águia dourada que o tomava nos braços e o levava à esfera do fogo. Ao despertar, encontrou-se diante da porta do inferno. Lá, poetas ilustres o esperavam. Cristo os contemplou do alto, erguido entre lodo e brasas. Com uma chave de ouro, abriu-lhes a porta. E assim, libertou os poetas — redimindo-os de todas as palavras, cantos e tradições.

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