cansaço


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Texto por
Severo Garcia
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Severo Garcia

A aparente normalidade de seguir em frente era apenas uma distração para o que seus olhos desistiram de alcançar. Era dia e era noite – um entrelugar onde os ponteiros hesitam, como se o tempo tivesse perdido o rumo. Para ele, o normal era uma linha contínua. Não se desviava, não desfocava do seu único adversário: o tempo, que não abrigava sua infelicidade, apenas a arrastava. Vivia como se um viúvo houvesse se instalado e nunca mais tivesse saído. Era um, era dois, era quantos precisassem ser para continuar sendo. O trabalho, no começo, era cárcere, por isso, acomodou-se em sua cela. Primeiro, detestou. Depois, acostumou-se. E, por fim, passou a depender do cansaço, aquela criatura antiga e silenciosa.

Para minha amiga Denise.

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