céu do útero


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Texto por
Severo Garcia
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Severo Garcia

Beijos molhados. Lábios quentes. Corpos nus. Deslizante prazer. Intensidade. Coração acelerado. Nada ao redor importa. Nem tempo, nem medo. Os dois estão intimamente ligados. Mal se conheciam, mas nada impediu aquele instante. Ele queria entrar no corpo dela. Começou com as pequenas partes até inserir as mãos, os braços, os pés e as pernas. Num sopro do corpo conseguiu o que ninguém achava. Dentro dela era aveludado. Um aconchego familiar e ancestral. Ela nem se deu conta que ele havia lhe habitado. Havia gozado e nada mais. Ele parecia ter sumido. Mas, quem nunca sumiu depois de uma gozada? Ela, após o deleite, seguiu a vida. Ele só queria saber da segurança que estar nela lhe causava. O mundo parecia sem importância. Ele passava todo o tempo encolhido. Desfrutando do calor daquele corpo. Ele até enfrentava invasões, mas sabia se defender dos ataques. Usava suas armadilhas para morder. Foram nove meses plenos. Como se nascesse gente. Ela, após longas 40 semanas, disse que estava na hora. E ele, obediente, saiu manso e rejuvenescido. Toda sensação de rejeição do mundo sumiu. Como se ele fosse parte de algum tipo de felicidade que nunca existiu.

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