Falei com ela agora. Baton nos lábios. Bem alegre. Interagia animada com a Catarina. Dizia: “abana pra vovó”, “manda beijo!” – tudo num tom ritmado, quase musical. Algo instintivo.
Em contraste, eu assistia à cena em um silêncio triste. Quero acreditar: “ela está imune”. Eu estou como todos não dementes, doendo.
Semana passada, terminei de ler o purgatório, na Divina Comédia, de Dante Alighieri. Perto de reencontrar sua amada Beatriz, Dante bebe das água do Letes – o rio do esquecimento.
Duas forças se cruzam em mim, minha mãe e minha filha. Algo mergulha no afogamento, algo floresce no agora.