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ainda mãe

Ela está com um sorriso meio bobo e ingênuo de quem já não está a par das sutilezas mundanas e da vida que tinha. Resta a enorme abismo da ironia. Cada um dos coadjuvantes da demência anda à deriva (...) Leia mais

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não duvide (livro da maria)

Não duvide Que seu pai ganhe numa corrida Que uma fruta tenha outra fruta Que sua filha possa escrever uma história Que uma pegada seja sua Que uma palavra possa te confundir Da força do mar Que nem tudo (...) Leia mais

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Nas águas do rio Letes

Falei com ela agora. Baton nos lábios. Bem alegre. Interagia animada com a Catarina. Dizia: “abana pra vovó”, “manda beijo!” - tudo num tom ritmado, quase musical. Algo instintivo. Em contraste, eu assistia à cena em um silêncio triste. (...) Leia mais

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cansaço

A aparente normalidade de seguir em frente era apenas uma distração para o que seus olhos desistiram de alcançar. Era dia e era noite - um entrelugar onde os ponteiros hesitam, como se o tempo tivesse perdido o rumo. (...) Leia mais

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Cabelos curtos

Ao ver a foto da minha mãe com o cabelo curto, tive uma boa surpresa. Ela parecia mais viva. Acho que o cabelo liso e comprido a deixava com um ar mais envelhecido. Existe uma tendência, talvez eu esteja (...) Leia mais

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A Viagem de Cristo ao Inferno

Na terra profunda, Cristo, num gesto de derrame, cobriu a morte com vida. Desceu ao inferno como falecido, e retornou após três dias — o corpo nu, livre de marcas. Nesse caminho sombrio, incontáveis almas clamavam por misericórdia. Quem (...) Leia mais

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Charbel

no balanço do acaso a poesia nasce num entra e sai no escrito sem aviso na distância sem demora no ponto sem espera Leia mais

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natureza das relações

por um tempo… ela queria ele e ele queria ela depois… ele buscou outra e ela encontrou outro um dia… ele reencontrou ela mas nela, ele já não morava. Leia mais

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Prosopagnosia

Em reunião, todos falam. O ruído atordoa. A intensidade das palavras agita os corpos. O som se acumula no ambiente. A sala parece encolher. O ar espesso não se espalha. As conversas se amontoam. Qual era razão daquilo? O (...) Leia mais

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Na boca do lixo

Nasci do lixo. Comi o lixo. Cresci no meio do que o mundo não quis. Mesmo que, aqui, me olhem como sobra, me tratem como peso, falem de mim como se eu não escutasse, me medem como se eu (...) Leia mais

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sou/só/seu

  … fico pensando se sou só ou se sou seu … Leia mais

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Ponteiro Capinam

Quem tem hora pra cantar? Quem tem hora pra chegar? Quem tem hora pra escolher? Quem tem hora pra acordar?   Era um, era dois, era mil… Era o mundo chegando sem ninguém sair.   Quem tem hora pra (...) Leia mais

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Os pequenos gestos

  Éramos grandes. Não só em número, mas em tamanho. A numerosa família já estava distribuída por vários cantos. Tínhamos filhos altos. Curioso que os três primeiros pareciam não terem saídos de mim. Um metro e oitenta e cinco. (...) Leia mais

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9 anos

Cada ano é uma descoberta. Óbvia constatação. Tão nítida quanto a importância de uma revisão e análise constante da história de vida. Para mim, dia 19 de março é uma data especial para esse exercício. A oportunidade foi Maria (...) Leia mais

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Bomba atônita

uma dor crônica invade o peito e cada instante insiste em guardar um passado de anseios.   tudo se parte num abraço como se estivesse batido em algo escondido um (...) Leia mais

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o que importa

O que importa se a barriga está cheira?   O que importa se não há consenso?   O que importa se a cotação da moeda oscila?   O que importa se você está com fome?   O que importa (...) Leia mais

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Oculto

o oculto cutuca com cuidado o que custa a sumir Leia mais

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despedida

Não sou orador. Sou um poeta. De poemas de despedida. Curtos e confusos. E se a poesia é um despedir-se de um instante, o tempo também é despedida. No decreto do Hoje, uma pequena parte de uma experiência parte (...) Leia mais

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ruído do tempo

No silêncio se investiga o tempo, se analisa amiúde os riscos, os tropeços, o ruído que demora para passar, uma decisão, um amanhã quem nunca será. No tempo se carrega esquecimentos, no porque, no nem sempre, naquilo que se (...) Leia mais

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um dois

Às vezes, nasce um e parte dois.   Às vezes morre um, e fica dois.   Às vezes, parte um e cresce dois.   Às vezes, um é dois. Leia mais

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Poemas caem do céu

O vento sopra e alcança as mãos em um pequeno pedaço de papel a liberdade plana se assenta no amanhã poemas flutuam no ar acomodam-se no chão como pingos de chuva e antes de serem lidos se encontram sem (...) Leia mais

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