conta do povo


Publicado em
Texto por
Severo Garcia
Imagem por
Auto-retrato

Meu pai passou fome. Tinha o bafo da miséria. Vivo numa época em que se pegava doença pelo chão. Ele tinha medo de ficar doente. Sabia que não teria para onde ir. Também não conseguia dormir direito. Era a fome que corroía sua barriga. Meu pai era opaco e sem amor próprio. Carregava tristeza e mágoa deste tempo, daquele mundo de ritmo lento e de longas caminhadas para qualquer destino. A desconfiança venceu a vida dele. Era como muitos outros pais, uma grande cota do povo. Uma herança de uma borda social.

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